Terapias
Escrito por Fran Cruz
Entre os benefícios encontrados pelos pesquisadores estão melhorias significativas na qualidade da dieta, perda de peso e melhor controle glicêmico em pacientes diabéticos.
A alimentação consciente enquanto método nasceu na década de 1990, com as nutricionistas americanas Evelyn Tribole e Elyse Resch. Elas estavam cansadas das dezenas de dietas restritivas que haviam espalhadas por aí, que colocavam sobre a comida o título de vilã, de algo a ser evitado. Por que não tornar o ato de comer prazeroso e saudável ao mesmo tempo? Foi quando criaram o conceito da alimentação consciente – ou intuitiva, como alguns chamam. A alimentação consciente tem como ponto de partida entender que alimentar-se vai muito além do ato de ingerir um alimento. Nessa terapia, o mantra “você é o que você come” é encarado com seriedade. Comer não é apenas matar a fome, mas entender o que o seu corpo pede, porquê pede e como comunica isso. E o mais importante: aprender a diferenciar o que ele pede do que você realmente precisa.
Quem nunca compensou um dia difícil se empanturrando de comidas ruins? Ou deixou de comer por estar muito ansioso? Nossas emoções e nosso sistema digestivo estão ligados, prova disso é a forma como nosso corpo reage a fortes emoções, seja com uma dor de barriga, seja com uma crise de gastrite.
Na alimentação consciente, aprende-se a comer bem e, consequentemente, há maior controle do seu peso ideal. Ao contrário de outras dietas malucas e irresponsáveis, o foco aqui não é a perda de peso, ela é apenas consequência de um processo de autoconhecimento e mudança da relação com a comida, pois segue os princípios éticos da nutrição.
A ideia é reformular a forma como o paciente enxerga a comida. Ao invés de ser dominado por ela – seja pelo medo dela ou pelo excesso -, passar a vê-la como uma aliada que vai acrescentar a energia necessária para atividades básicas do dia-a-dia. Por ter esse papel fundamental, é trabalhada a importância de escolher os alimentos pela qualidade e não quantidade.
Caos emocional e a comida
Aqui temos duas palavras-chave: autocontrole e autoconhecimento. E não se trata de uma mera escolha de palavras. Na alimentação consciente você se torna, de fato, o centro de suas escolhas. Perceber seus próprios hábitos alimentares é o primeiro passo para um tratamento eficiente contra impulsividade emocional, uma vez que controlar as porções ingeridas e entender os sentimentos por trás da dinâmica com o alimento faz parte dos princípios da terapia.
É a partir daí que se torna possível redirecionar toda a carga emotiva, antes descontada na comida – afinal, há realmente fatores que nos levam à esse comportamento, pois determinados alimentos contém substâncias que ativam no cérebro áreas relacionadas ao prazer, mas sabemos que tudo em excesso faz mal -, diminuindo a vergonha e a culpa sempre associadas à ingestão impulsiva dos alimentos. O resultado é uma relação de troca muito mais saudável com a comida.
Embora a mudança de mentalidade e da relação com a comida e o próprio organismo sejam o foco, de nada adianta se estes não forem acompanhados de medidas práticas. Entre as mudanças de comportamento trabalhadas estão:
Com a rotina corrida do dia a dia, é fácil apenas “engolir” a comida. Cesse esse hábito, preste atenção a cada alimento escolhido por você. O que te levou a buscar por ele? Observe cores, cheiros, deguste o que está no seu prato;
Há sempre tanto a ser feito em tão pouco tempo que ter tempo para mastigar uma refeição corretamente é considerado luxo. Mas isso é uma ideia equivocada, já que uma mastigação apressada, que não processa todos os alimentos pode atribuir problemas digestivos, além de causar a falsa sensação de que você não comeu o suficiente;
A pressão para terminar logo uma refeição e “aproveitar” o que resta dos intervalos pode ser tentadora, mas aprenda: apreciar a comida é aproveitar o seu tempo. Não tenha pressa, descanse à mesa, relaxe o corpo, entenda o seu próprio tempo;
Pensa na sua comida favorita. Você se recorda do cheiro dela? E da textura ao levá-la à boca? Ela marcou algum momento importante para você? Pode não parecer, mas há muito mais envolvido no ato de comer do que apenas o paladar. Se bem apreciado, o fazer uma refeição pode criar momentos que ficam na memória. Seja por comer sem pressa com uma companhia agradável, seja gastar 5 minutinhos a mais para prestar atenção ao barulho que a comida faz.
Aquela regra quase sempre imposta nos tempos de criança, de não comer em frente à televisão, ganha um update. Na hora da refeição, deixe o smartphone de lado. Não há nada tão urgente que não possa esperar o fim da sua refeição. Lembre-se: você é humano e seu corpo precisa de cuidados para continuar funcionando. Não adianta negligenciar sua alimentação para enviar uma resposta mais rápida ao seu chefe se esse hábito vai acarretar problemas maiores que podem resultar em dias e dias de ausência no trabalho. Aprenda a respeitar esse momento.
Autor
Fran Cruz