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Entender o ser humano em seus múltiplos aspectos – biológico, cultural, social, físico e histórico) nunca foi uma tarefa simples, afinal, o homem (ser humano) é complexo, diferente entre si e difícil de ser compreendido em sua totalidade. E é justamente esse desafio que a Antropologia, ciência vinculada às ciências sociais, busca constantemente solucionar.
A palavra Antropologia é formada com base nos vocábulos gregos “antropos”, que significa homem (no sentido de humanidade), e “logos”, que significa razão, racionalidade ou ciência. Ou seja, é o estudo do homem por meio da racionalidade e de comprovações reais de suas evidências.
A Antropologia tem como objetivo principal estudar a diversidade cultural entre os povos. Para isso, lança mão do estudo de inúmeros fatores que compõem as características humanas em suas particularidades (contextos físico, biológico etc.), relacionando todos esses pormenores ao meio em que estamos inseridos (contextos histórico, social, cultural etc.).
O estudo das sociedades antigas é extremamente necessário para a Antropologia a fim de encontrar vestígios sobre o desenvolvimento do homem e das civilizações, e como isso tudo afeta a civilização nos dias de hoje. É uma eterna busca por respostas.
Costumes, rituais, crenças, hábitos, mitos, linguagem, leis, histórias, universo psíquico, relações de parentesco entre outros aspectos subjetivos que compõem os povos do nosso planeta são considerados no estudo antropológico.
O método de estudo é composto por etnografia (descrição do trabalho de campo) e etnologia (síntese dos conteúdos descritos em campo). Sendo assim, ao analisar todos os fatores coletados, torna-se possível interpretar os fenômenos e obter respostas úteis sobre a humanidade.
A Antropologia também lança mãos de metodologias e pesquisas de outras áreas do conhecimento para compor suas análises, tal como arqueologia, linguística, história, entre outras.
História da Antropologia
Um movimento que podemos considerar como precursor nos estudos ligados à Antropologia foi o colonizador das Grandes Navegações, que ocorreu a partir do século XV. Ao entrar em contato com humanos nativos do nosso país, com cultura, linguagem, costumes, vestimentas, aparência, hábitos, religião, entre tantos outros aspectos diferentes, os europeus tiveram um verdadeiro choque cultural (e vice-versa).
O impacto foi tanto que logo no primeiro momento os europeus enxergaram aquela população como atrasada e até mesmo não civilizada, o que levou à colonização forçada por meio da lógica religiosa. Para os europeus, os povos atrasados e “profanos” deveriam ser civilizados por eles.
Obviamente, essa visão europeia, que não reconhecia na cultura diferente da sua uma legitimidade, era totalmente ultrapassada, e passou a ser material de estudo para diversos antropólogos até os dias de hoje.
A partir da década de 1870, o primeiro movimento antropológico com objetivo científico aconteceu. O biólogo inglês Edward Burnett Tylor e o geógrafo e biólogo Herbert Spencer lideraram o movimento cuja teoria ficou conhecida mais tarde como evolucionismo ou darwinismo social.
Tal teoria legitimou a ideologia europeia que considerava os outros povos atrasados e não civilizados, sendo motivo suficiente para dominar outros continentes. O darwinismo social também compactuava com a ideia da evolução das espécies (Charles Darwin) aplicada à sociedade.
Ou seja, na luta pela sobrevivência, apenas as raças mais fortes e capazes (raça branca europeia) conseguiriam sobreviver. Essa teoria serviu para reforçar a prática imperialista e neocolonialista europeia, a fim de “civilizar” e submeter diversos povos.
Foi somente no fim do século XIX, que as ideias acerca das civilizações começaram a mudar dentro da antropologia. Os estudos empíricos feitos pelo geógrafo e antropólogo alemão Franz Boas – que conviveu com nativos do norte do Alasca -, concluíram que era preciso aprofundar-se na cultura dos povos para compreender suas características, sem preconceitos ou ideais de mudanças.
Boas fincou na Antropologia um dos métodos mais reconhecidos até os dias de hoje: é preciso conviver e inserir-se nas sociedades para, de fato, conhecê-las e analisá-las corretamente.
Fontes históricas são importantes sim, mas é preciso compreender a fundo um povo para entender seus costumes, sua cultura, seu ambiente, hábitos, mitos, crenças, religião, e tudo o que lhe rodeia.
Isso é Antropologia!
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Autor
Redação Soham