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Acompanhando os meus clientes em suas trajetórias, tenho observado há anos que tudo o que acontece em nossas vidas tem um motivo, uma causa. Tanto as crises pelas quais passamos, quanto as doenças e consequências que elas nos trazem. E tenho me questionado a respeito desse assunto desde que entramos na fase do Covid 19.
Quando comecei a ouvir falar sobre o Covid, em janeiro de 2020, era algo tímido. Eu cheguei a pensar: “nossa, que exagero”. Foram se passando os dias e essa doença e tudo o que ela acarretava foi se espalhando velozmente, ocupando espaço e gritando em nossos ouvidos, em todos os idiomas.
Esse movimento me levou a observar e realizar algumas ações que quero compartilhar. São quatro comandos simples, mas fundamentais para enfrentarmos esse momento. Vejam:
PARAR – é preciso observar além daquilo que os olhos podem ver
Fomos obrigados a parar e rever a forma como lidamos com o nosso dia a dia. Olhar para nós, as pessoas à nossa volta, o nosso trabalho, nossa cidade, o país, os outros países, o planeta, e reorganizar todo o nosso dia a dia. E isso aconteceu tanto no individual, como no coletivo.
Os países também tiveram que olhar para as necessidades de seu povo, seu sistema de saúde, suas finanças, enfim, para todo o seu funcionamento, que até então era quase que uma engrenagem automática.
REVER – trabalhar a consciência do momento
Comecei a observar a mim, a tudo e a todos à minha volta. Sim, eu também saí do automático… Sim, eu também entrei em uma crise: Como assim, eu não poderei sair de casa? Como se pega essa doença? E a vacina? Quando virá? E o meu trabalho? E as compras? E como eu vou pagar as contas? Quais lojas estarão abertas e quais irão fechar? Como farei esporte?
Quantas notícias até hoje tão contraditórias, quantos pontos de interrogação, quantos medos, quantas angústias, quantas inseguranças e quantos pontos de vista.
Percebi que as pessoas, estando o tempo todo em casa, começavam a arrumar os armários, jogar coisas fora, fazer doações do que não precisavam mais, se organizando melhor e olhando para aquilo dentro de casa que não olhavam por falta de tempo, por estarem na vida automática.
ENCERRAR – o desapego como processo de limpeza
Sim, precisamos rever, limpar, soltar, questionar e encerrar processos pendentes. Acompanhei vários casais, que estavam há muito tempo em um relacionamento não saudável, se separando. Vi muitas pessoas que estavam com o seu imóvel à venda há muitos anos, vendendo o imóvel. Participei de processos de inúmeras pessoas se reinventando no seu trabalho, nas saídas que encontravam para as mudanças que se faziam necessárias. Foi aí que eu me dei conta da terceira ação necessária, a mudança.
MUDAR – a mudança é necessária para alinhar-se com o novo
Vi muitas pessoas mudando as suas vidas, deixando de olhar para o próprio umbigo, olhando para o lado e ajudando o seu próximo. Pessoas mudando de casa, de hábitos e maneiras de pensar, fazendo reformas necessárias há tempos, tanto internas como externas.
Mas também pude observar muita gente paralisada, com medo de qualquer mudança, sem conseguir desapegar de hábitos, crenças e pendências antigas, sem parar de olhar para o próprio umbigo.
E pasmem, tenho percebido também que muitas pessoas que adoecem de Covid têm pendências a serem olhadas, revistas, mudadas e reestruturadas, mas resistem à mudança. E me dei conta que é exatamente isso que o Covid trouxe.
É tempo de encerrar processos, de mudanças e de reestruturação. Todos estamos sendo afetados, em maior ou menor grau, de uma forma ou de outra. E isso independe de sexo, idade, país ou religião.
Trata-se de uma crise no âmbito individual e no coletivo. E toda crise nos obriga a sair de nossa zona de conforto e fazer uma nova releitura.
E é na crise que encontramos novas soluções e temos oportunidades de crescimento.
Fiquem bem!
Autor
Vera G. Von Sothen