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Estamos colaborando ativamente para a mudança do clima e isso já está perceptível, não é mesmo?
A principal causa desta mudança é a concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera. Um desses principais gases é o gás carbônico (CO2) e o excesso do consumo de carne bovina está no topo da lista de emissões de Carbono.
Grandes florestas, como a floresta Amazônica, estão sendo desmatadas para dar lugar à indústria agropecuária, ou seja este excesso de carne está destruindo nossas terras.
O Slow Food é uma associação internacional sem fins lucrativos, que tenho a honra de fazer parte ativamente, criada em 1986 por Carlo Petrini e está presente em mais de 160 países.
Ela nos ensina que comer tem profunda influência na paisagem, na biodiversidade e nas tradições, comer é um ato político que pode ser bom, limpo, justo. gostoso e prazeroso.
Mas aqui estamos falando de um novo senso de responsabilidade na busca do prazer, porque comer consciente trás o ânimo para a vida.
O importante é aprender a apreciar a variedade de receitas e sabores, reconhecer os muitos lugares e as diferentes pessoas cultivando e produzindo alimentos, respeitar os ritmos das estações e favorecer a sensibilidade do gosto.
Por esta razão o Slow Food está comprometido a salvaguardar alimentos, matéria-prima e métodos tradicionais de cultivo e transformação dos alimentos.
Defende a biodiversidade de variedades, sejam elas cultivadas ou selvagens, e protege os locais de convívio que formam a herança cultural devido ao seu valor histórico, artístico e social.
Esta herança está presente na Arca do Gosto, um catálogo mundial criado pelo Slow Food que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas ainda vivos com potenciais produtivos e comerciais reais.
O objetivo é documentar produtos gastronômicos especiais que estão em risco de desaparecer.
No Brasil, temos uma riqueza imensa de variedades de frutas, como por exemplo o Cambuci, que dá nome a um bairro em São Paulo, ou a poderosa castanha, como a castanha de Baru, o viagra do Cerrado, uma iguaria considerada um superalimento por veganos e atletas, ou ainda o prato tradicional local, como a Bijajica, receita de origem indígena feita no vapor, com mandioca crua, amendoim triturado e açúcar mascavo.
Estes e muitos outros produtos estão presentes no livro: “A Arca do Gosto no Brasil. Alimentos, conhecimentos e histórias do patrimônio gastronômico”.
A obra nos permite desvendar os usos gastronômicos de mais de 200 produtos da biodiversidade agroalimentar brasileira que colaboram para uma nova economia sustentável.
LIMPO significa não poluir o ar, terra, água e, consequentemente, nosso corpo. Os alimentos que você come vão nutrir as suas células e se tornar parte de você, sendo assim quanto mais puro este vegetal, sem elementos como: agrotóxicos, conservantes, corantes, flavorizantes etc., maior são os efeitos benéficos de sua ingestão para sua saúde e para a saúde do planeta.
O alimento puro protege espécies vegetais e animais, respeitando nossos indígenas, quilombolas e outras comunidades ancestrais. Ao valorizar e consumir produtos da agricultura familiar, estamos fortalecendo o sistema de produção e de distribuição dos alimentos, promovendo saúde social.
Ainda dentro deste princípio, o Slow Food apoia um novo modelo de agricultura, que é menos intensivo, mais saudável e sustentável, com base no conhecimento das comunidades locais.
O movimento Slow Food busca somar o alimento ético, limpo e justo com o alimento prazeroso, bom, e para essa união damos o nome de ecogastronomia: eco – que do grego oikos, significa “casa”, e gastronomia é a arte de contar uma boa história e provocar uma aventura sensorial cuidando da sua casa.
É por tudo isso que o Slow Food foi definido como um movimento de ecogastrônomos.
Autor
Claudia Mattos