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Não vou escrever sobre COVID porque todos já conhecem bem, sabem as formas de contágio e reações que podem causar no nosso organismo. Neste artigo vou focar em conhecer o funcionamento do nosso corpo, como podemos protegê-lo e o potencial da fitoterapia nesse processo de prevenção não só do COVID, mas também de outras doenças.
Quando entendemos como funciona o nosso corpo, em termos de defesa, fica muito simples corrigir e trazer de volta a fisiologia normal. Nós temos três sistemas extremamente importantes interligados no organismo humano: sistema imune, sistema nervoso e sistema endócrino.
Apesar de os três serem importantes em tempos de COVID, vamos abordar aqui o sistema imunológico. A nossa primeira defesa são as barreiras físicas como a pele, saliva, ácido estomacal, secreções da mucosa oral e nasal que irão nos proteger da entrada de qualquer agente agressor.
Nestes locais temos células de defesa que são capazes de reconhecer qualquer corpo estranho que possa se instalar (vírus, bactérias, ácaros, poeira etc.).
Nestes locais encontramos células dendríticas que funcionam como os guardas da nossa saúde e são a nossa segunda linha de defesa após as barreiras físicas. Este se chama sistema imune inato, que quando ativado secreta substâncias com atividade antimicrobiana, antiviral e antifúngica, entre outras.
Uma segunda linha de defesa do nosso organismo, que é ativada quando o sistema imune inato não dá conta do processo de eliminação, é o sistema imune adaptativo. Este é responsável pela ativação de um exército muito mais poderoso de células e a produção de anticorpos, gerando processos inflamatórios que tem como objetivo eliminar o agente agressor, mas que muitas vezes, dependendo da intensidade, pode ser danoso ao nosso organismo.
O sistema imune adaptativo é responsável pela imunização, fazendo com que doenças virais como catapora, caxumba, entre outras se instalem no corpo uma única vez.
E aí vem a pergunta: o que fazer para manter o sistema imune funcionando e evitar que o contato com o agente agressor ative o nosso sistema adaptativo, gerando super inflamações – que é o que ocorre em casos graves de COVID?
Primeiro, devemos cuidar do nosso sistema de barreira físico, mantendo estas células saudáveis e limpas, lavando com água, sabão e utilizando álcool gel, por exemplo. Manter o sistema digestório funcionando, sem o uso excessivo de alimentos inflamatórios e industrializados, fornecendo assim proteção a todo o organismo.
Manter o consumo de fibras e chás e a exposição solar, que levam à produção de vitamina D, que está cientificamente comprovada na redução dos riscos graves no COVID.
E as plantas medicinais e fitoterápicos, como podem auxiliar neste sistema de defesa e recuperação do funcionamento fisiológico? Este é um grande segredo que não é muito divulgado, mas podemos utilizar diversas plantas que vão auxiliar o nosso corpo neste sistema de defesa. Isto pode ser realizado através do uso de plantas adaptógenas que estimulam o funcionamento do sistema imune e plantas que tenham atividade antioxidante e anti-inflamatória.
As plantas adaptógenas, apesar de já serem usadas desde a antiguidade, tiveram suas pesquisas iniciadas na antiga União Soviética, durante a segunda guerra mundial.
O objetivo era fazer uso de plantas que reduzissem os danos causados pelo estresse à saúde, promover a cognição, o condicionamento físico dos soldados e o desempenho dos astronautas no programa aeroespacial russo.
De acordo com a Agência Reguladora da Comunidade Europeia “as plantas medicinais adaptógenas são indicadas por terem a capacidade de normalizar as funções do corpo e fortalecer os sistemas comprometidos pelo estresse. São relatados efeitos protetores sobre a saúde contra uma grande variedade de agressões ambientais e condições emocionais”.
Plantas como Panax ginseng (ginseng coreano), Sedum roseum (rodiola), Pffafia panicula (ginseng brasileiro), Astragalus mongholicus (astragalus), Whitaminia sominifera (ashwaganda), Eleuterococus senticosus (ginseng siberiano) têm a capacidade de melhorar a resposta da performance fisiológica do sistema imunológico, nervoso e endócrino, reestabelecendo a saúde e os principais meios de defesa.
As plantas que atuam no sistema imunológico reforçam a imunidade, contribuindo na melhoria da nossa defesa. As principais plantas que podem potencializar a imunidade são: Echinacea purpurea, Glycyrrhiza glabra (alcaçuz), Punica granatum (casca romã), e Pelargonium sidoides (Kaloba), Poligala senega (Poligala).
Além dessas, temos plantas importantes que podem ser usadas na forma de fitoterápicos ou na alimentação, como Cúrcuma longa (açafrão da terra) e Vitis vinifera (uva).
A natureza nos fornece tudo aquilo de que precisamos para ter saúde. As abelhas, por exemplo, a partir de resinas das plantas, conseguem produzir um preparado denominado própolis, que tem como função proteger a colmeia de microrganismos.
O própolis apresenta inúmeras funções biológicas, como estimulante do sistema imune, anti-inflamatória, antioxidante, antiviral, antimicrobiana. Contém inúmeras substâncias ativas que atuam de forma sinérgica protegendo o nosso corpo de doenças.
Atualmente no Japão o própolis é muito utilizado associado à quimioterapia no tratamento do câncer. Dentro do meu sistema de prevenção e tratamento, o própolis é a escolha número um.
A prevenção também pode ser alcançada por meio do consumo diário de plantas prébioticas (linhaça, chia, tansagem) que melhoram a microbiota intestinal, melhorando o aporte de nutrientes, reduzindo o desenvolvimento de bactéria patogênicas e diminuindo absorção de toxinas.
E vem mais uma pergunta: ‘como escolher a planta certa e como usá-la’? As plantas podem ser usadas diariamente na forma de chás, tinturas ou medicamentos fitoterápicos, com uma dosagem adequada para ter o efeito desejado. Eu sempre recomendo o consumo de chás diariamente, em quantidades adequadas, podendo estes serem associados e alternados semanalmente.
Quando se deseja um tratamento, a escolha da planta deve ser realizada de acordo com a clínica e precisa de um profissional Fitoterapeuta Clínico Integrativo para fazer uma anamnese e um processo de repertorização com uma prescrição que propicie o melhor resultado.
Resumindo, para a prevenção do COVID precisamos cuidar das nossas células como um ser vivo muito precioso com nutrientes adequados: alimentos, água, oxigênio (geralmente as pessoas inspiram muito e expiram pouco, acumulando o que deveria ser eliminado), pensamentos, tudo que vemos e ouvimos.
É importante sempre lembrar que o nosso sistema imunológico cruza todos os sistemas do corpo humano e está no centro da saúde e da doença. Cuide do seu sistema imunológico como ele merece e proteja sua saúde.
Autor
Amarilis Scremin Paulino