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Ele remonta ao terceiro milênio antes de Cristo, na região que hoje conhecemos como Índia e que trata o artefato como um item sagrado.
Trata-se de uma espécie de cordão ou guirlanda espiritual utilizado durante as práticas meditativas a fim de contar mantras, intenções ou orações.
O objeto pode ser encontrado em diferente materiais, como madeira, sementes (sândalo, tulsi e rudraksh) ou pedras, que promovem efeitos energéticos diferentes para quem manuseia.
O termo Japa significa ‘murmurar, repetir’ e Mala significa ‘cordão ou conta’. Já em sânscrito, “mala” tem o significado de guirlanda. Sendo assim, o termo unido significa “repetir em um colar de contas”.
Esse objeto tem sempre 108 contas e o “meru” que é uma conta extra que indica o ponto inicial e final do ciclo. E esse número não é por acaso!
O 108 está muito presente nos costumes indianos e carrega um significado poderoso. Exemplo disso é que o alfabeto sânscrito apresenta 108 letras, enquanto a deusa Krishna do hinduísmo tem 108 nomes diferentes.
Já na yoga são trabalhadas as 108 linhas de energia que permeiam todo o corpo humano e que se conectam ao chakra do coração. Além disso, existem outras relações com o número, como:
• Na astrologia: o número é resultado da multiplicação dos 9 planetas x as 12 casas.
• Na astronomia: relacionado à quantidade de vezes que o diâmetro do Sol é maior que o da Terra.
• Na numerologia: 1+0+8 tem como resultado o número 9 que é considerado sagrado para os Hindus.
Outras relações ainda mais curiosas com o número é que ele representa a frequência mais alta de rádio, além de ser o de emergência na Índia.
Dessa forma, acredita-se que a repetição de 108 vezes entoando um mantra ou uma oração pode reunir as energias espirituais de quem o carrega, e ao mesmo tempo potencializar os benefícios da meditação.
De acordo com os preceitos da filosofia Yogue, ao completar as 108 repetições, a pessoa consegue alcançar um estágio superior de consciência, também conhecido como transcendental.
Antigamente, o objeto era muito difundido entre os hindus e praticantes do yoga. Com a popularização da prática, o Japamala passou a ser muito utilizado também no Ocidente, sendo possível encontrá-lo facilmente em lojas de produtos religiosos.
Tanto para a meditação com a entonação de mantras, como para intenções e orações, segura-se o japamala com uma das mãos, apoiando-o em seu dedo médio.
O polegar serve para pegar e puxar as contas toda vez que o mantra, ou a intenção, for mentalizada ou pronunciada pelo praticante. Já o “meru” não deve ser contabilizado como as demais 108 contas, apenas é usado para marcar o início e final do ciclo.
Na meditação, o ideal é que a pessoa o faça já com a postura e respiração controladas e relaxadas, assim a energia fluirá melhor.
Outro fator importante é que o dedo indicador nunca toque as contas do Japamala, pois é considerado por muitas crenças como um dedo que julga, que aponta, além de representar o ego e os pensamentos. Na meditação, o uso do Japamala também é um método de suspender as ações do pensamento durante a prática.
Ao final do ciclo, caso o praticante deseje continuar e completar mais uma volta, é recomendado virar o cordão e continuá-lo na direção inversa.
Em um uso regular, o Japamala pode trazer diversos benefícios, transmitindo poderes de cura que atingem o corpo físico, a mente e o coração. No entanto, é sempre necessário praticar o uso com um propósito, intenção e reconhecendo o seu poder, a fim de extrair ao máximo as benesses desse objeto tão valioso, que são:
Eu faço uso e boto fé no Japamala. E você?
Autor
Clelia Queiroz Gadelha