Terapias
Limpa o processo do pensamento daquilo que podemos chamar de irritantes psíquicos, coisas como a cobiça, ódio e ciúmes, coisas que o mantém acorrentado a prisões emocionais. Conduz a mente a um estado de tranquilidade e conscientização, um estado de concentração e visão interior.
Numa definição mais acadêmica, meditação é uma forma de treinamento mental que tem a intenção de diminuir a atividade caótica dos pensamentos, provocar relaxamento físico e capacitar o praticante a ser seu próprio instrutor.
“As técnicas de meditação visam transformar a mente. Não é necessário atribuir-lhes um rótulo religioso particular. Cada um de nós tem uma mente, cada um pode trabalhar com ela” (Richard, M. 2010).
A finalidade da meditação é a transformação pessoal. O “eu” que entra de um lado da meditação não é o mesmo “eu” que aparece do outro lado. Ao torná-lo profundamente consciente de seus próprios pensamentos, palavras e atos, ela modifica seu caráter pelo processo de sensibilização.
O importante é saber que meditação, em significado original, diz respeito a familiarizar-se, habituar-se, conhecer-se. Em sânscrito: bhavana; em tibetano: gom. E ainda encontramos o termo sânscrito sati, que significa recordação ou memória e abrange a intenção de manter a mente focada sem se esquecer.
Vale ressaltar que a meditação não é relaxamento. Isso não significa que a meditação não seja frequentemente acompanhada de profundos relaxamentos e/ou sentimentos genuínos de bem-estar.
Também não se trata de uma postura especial, e nem tampouco uma série de exercícios mentais. Meditação é o cultivo da plena atenção e a aplicação da plena atenção que foi cultivada.
Você não precisa se sentar para meditar. Pode-se meditar enquanto lava louça, no chuveiro, digitando um texto ou qualquer outra atividade cotidiana. Meditação é conscientização e isso deve ser aplicado em cada uma e todas as atividades de sua vida diária.
Existem muitas técnicas e formas de praticar meditação e podemos ver que mesmo nas religiões ocidentais como cristianismo e o judaísmo existem práticas de autorreflexão e contemplação, que são formas de meditação.
Dentro do Budismo existe uma enorme variedade de escolas de Meditação. No entanto, elas podem ser divididas em duas grandes correntes de pensamento: Mahayana e Theravada. O Budismo Mahayana prevalece em todo o leste da Ásia, moldando as culturas da China, Coréia, Japão, Nepal, Tibete e Vietnã. O sistema Mahayana mais conhecido é o Zen, praticado principalmente no Japão, Coréia, Vietnã e nos Estados Unidos. A prática do sistema Theravada prevalece no sul e sudeste da Ásia, nos países do Sri Lanka, Tailândia Birmânia (atual Miamar), Laos e Camboja. Nossos estudos estão na prática Theravada, descrevendo tanto as técnicas da meditação Samatha (concentração e tranquilidade mental) como as da meditação Vipassana (insight ou consciência clara).
A distinção entre meditação Vipassana e outros estilos de meditação é crucial. No Budismo temos dois tipos principais de meditação. São habilidades mentais distintas, modos de funcionamento ou qualidades da consciência. Em pali, idioma original da literatura Theravada elas são chamadas Vipassana e Samatha.
Vipassana pode ser traduzida por “insight”, uma consciência clara do que está exatamente acontecendo no momento em que acontece. Samatha pode ser traduzida como “concentração” ou “tranquilidade”. É um estado em que a mente é levada ao repouso, focalizando apenas um item, não se permitindo que ela divague. Quando se alcança isto, o corpo e a mente são tomados de uma profunda calma, um estado de tranquilidade que deve ser experimentado para ser compreendido.
Plena atenção é uma tradução aproximada para a palavra Sati em pali (Mindfulness em inglês). Sati é uma atividade. Tem registros de mais de 7.000 anos, segundo escritos, um grupo de monges se reuniram para meditar e relatar sobre suas experiências durante a meditação. E seguiu-se nesta metodologia, onde foram criados exercícios e práticas especificas para o que o meditante gostaria de trabalhar.
Quando Buda propôs, a mais de 2.500 anos atrás, a Meditação Vipassana foi para que o meditante se colocasse em uma viagem interna de pura atenção a cada movimento, pois o homem daquela época estava totalmente voltado para o externo. A proposta de Buda foi para que o homem colocasse seu ponto de apoio dentro de si, ao passo que as práticas disponibilizadas colocavam o ponto de apoio fora do homem. Portanto a Meditação Vipassana vem de Sati (Mindfulness- Atenção Plena)
A plena atenção é o coração da meditação Vipassana e a chave de todo o processo. É ao mesmo tempo a meta dessa meditação e o meio de alcançá-la. Você alcança a plena atenção estando cada vez mais atento. Outra palavra pali que se traduz por plena atenção é Appamada, que significa não-negligência ou ausência de loucura. Quem presta atenção constantemente naquilo que está realmente acontecendo em sua mente alcança o estado de sanidade última.
Autor
Carmem Zanusso