O que é Intuição?

Autor

Clelia Queiroz Gadelha

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O que é Intuição?

A Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, foi inspirada num sonho. O mesmo ocorreu com a Tabela Periódica, do químico Dmitri Mendeleev.

O insight sobre a força da gravidade, de Isaac Newton, surgiu com a queda de uma maçã.

Como vemos, a intuição é uma dos principais elementos nessas e numa série de outras histórias sobre descobertas científicas importantes, como na invenção da lâmpada, da fotografia ou dos raios-X. Mesmo assim, ela ainda não recebe o devido valor no mundo ocidental.

A intuição tinha muita relevância nas sociedades mais antigas, quando líderes, chefes e reis consultavam druidas, sacerdotes e sacerdotisas sobre o melhor caminho a seguir.

No ocidente, isso foi se perdendo com o tempo, especialmente a partir do desenvolvimento da ciência. Equivocadamente, o imaginário popular criou uma espécie de antagonismo entre razão e intuição, que foi muito bem diagnosticado por Einstein: “A mente intuitiva é um dom sagrado, e a mente racional é um criado fiel. Nós criamos uma sociedade que honra o criado e esquece o sagrado.”

Para entender esse fenômeno, vamos partir do conceito da palavra intuição, que tem origem no latim, ‘intueri’, e significa “contemplar” ou “ver interior”. O dicionário a define como a faculdade de perceber, discernir e pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de análise.

Na Filosofia, esse tema intrigou muitos filósofos. Platão defendeu que ela era a verdade recebida de um plano transcendente, sem a mediação do plano físico. René Descartes, mais tarde, propôs a intuição racional. Cerca de um século depois, Immanuel Kant considerou a intuição como um pensamento que engloba verdades e conhecimento e que não está necessariamente ligado à experiência já vivida: “Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com ideias”. Mas foi o pai da psicologia analítica, Carl Jung, que, no século passado, cunhou uma das concepções mais aceitas até hoje: a intuição nasce e é processada no inconsciente e é indispensável para a formação da personalidade humana.

Agora, a ciência está nos fornecendo mais ferramentas para entendê-la melhor. Pesquisadores descobriram recentemente que pensamentos intuitivos e pensamentos analíticos convergem e podem acontecer simultaneamente.

Como se sabe, o cérebro está fazendo previsões o tempo todo. Para cumprir essa tarefa, segundo a psicóloga Valerie van Mulukom, da Conventry Univerisity, na Inglaterra, o cérebro compara, inconscientemente, as informações sensoriais e as experiências do presente com o conhecimento adquirido e as memórias do passado.

A intuição, explica ela em artigo publicado pela BBC em 2018, ocorre quando há uma dissonância nesse conjunto de informações, normalmente gerada por algo inesperado.

Essa tese desmistifica a ideia de independência entre pensamentos intuitivos e pensamentos analíticos. Segundo a pesquisadora, quando se tem muita experiência num assunto, o cérebro tem mais informações do passado para combinar com o presente e, em consequência, a intuição se torna mais apurada.

Isso explica a participação do pensamento intuitivo nos avanços científicos citados no início deste texto – Einstein, Mendeleev, Newton tinham uma bagagem de conhecimento e experiência sobre aqueles temas e, claro, estavam abertos à própria intuição.

Muitos estudos na área da psicologia cognitiva mostram que as melhores decisões são tomadas quando combinamos a estratégia intuitiva e a analítica.

Em reportagem da Forbes de 2017, o psicólogo Gerd Gigerenzer, autor de Gut Feelings: The Intelligence of the Unconscious (Intuição: A Inteligência do Inconsciente), reforça esse argumento, defendendo que a intuição é importante especialmente para nos ajudar a descartar informações desimportantes e desnecessárias. Isso pode ser extremamente útil na gestão de empresas, destaca ele, já que pode resultar em melhores decisões, em particular, nos cenários complexos, repletos de fatores e elementos diferentes.

Como exemplo desse papel da intuição, Gigerenzer aponta o design intuitivo dos sites de hoje, muito diferentes do caos que marcou os primeiros anos da internet.

A abordagem intuitiva, explica, tornou o ambiente digital muito mais amigável, pois permitiu a identificação das informações importantes e o descarte das supérfluas. O psicólogo diz ainda que ele usa a intuição na sua rotina profissional: a ciência o ajuda a entender os caminhos que a intuição o sugere.

O psicólogo defende que pessoas inteligentes costumam ouvir seus sentimentos e considera impossível alguém dar um grande salto intelectual sem o pensamento intuitivo.

Outro mito é a ideia de que a intuição é exclusividade de alguns poucos, daqueles que nasceram com um dom. Novamente, Jung nos ajuda a entender melhor essa questão. Ele dizia que todos temos, dentro de nós, a sabedoria e conhecimento de que precisamos. Conforme Jung, devemos entrar em contato com nossa natureza mais íntima para acessá-la.

Em entrevista ao Huffington Post em 2017, a escritora Sophy Burnham, autora de The Art of Intuition (A Arte da Intuição), reforçou a tese de que todas as pessoas têm um potencial intuitivo, mas destacou que nem todas prestam atenção nele.

“A necessidade de ter certeza é o que silencia a voz intuitiva”, de acordo com a psicóloga Brené Brown, autora de A Coragem de Ser Imperfeito. Para ela, a incerteza nos deixa ansiosos, vulneráveis e com medo. Assim, no lugar de respeitarmos nossa intuição, vamos em busca de validação a partir da opinião dos outros.

Atualmente, existem estratégias que ajudam a desenvolver a intuição, baseadas, especialmente, no fortalecimento da autoconfiança e autoestima. A descoberta da voz interior é um processo de autoconhecimento.

A intuição se manifesta de maneira muito subjetiva em cada um de nós. Aceitá-la e deixá-la participar mais ativamente do nosso dia a dia é como iluminar uma parte de nós que muitas vezes subestimamos, aquela das sensações inexplicáveis, dos sonhos vívidos, das sutilezas, das coincidências e sincronicidades.

Os especialistas dizem que, só assim, reconhecendo-a, é possível viver a vida em sua plenitude. O segredo, sobretudo, é observar-se. Mindfulness, a meditação, a psicologia e vários tipos de terapias integrativas e complementares, que você encontra no Portal Soham, podem ajudar nesse processo.

A espiritualidade também pode aprimorar a intuição. Neste universo, ela faz o elo entre o ser humano e o plano da transcendência. O líder espiritual Osho, no livro Intuição: O Saber Além da Lógica, defende que é preciso estar receptivo ao “plano superior”, “ao que acontece além de nós”.

A intuição, na visão dele, é uma ocorrência súbita, “um salto”, se dá por meio da percepção e não pode ser explicada. Na avaliação dele, ao contrário do que afirmam os pesquisadores, a razão não deve interferir na intuição para não bloqueá-la.

A religiosidade – que não deve ser confundida com espiritualidade – pode ser outra alternativa. O médium James Van Praagh, no livro O Despertar da Intuição – Desenvolvendo o seu Sexto Sentido, diz que a intuição é uma sensação interna de saber, de conhecer algo. Segundo ele, você pode aprender a perceber quando ela ocorre, mas não deve forçar para que ela aconteça.

Van Praagh defende que é possível desenvolver a percepção mediúnica à medida que se entra em sintonia com o sexto sentido.

Vale destacar que a intuição prescinde da espiritualidade ou da religiosidade.
Você pode escolher o seu caminho, o que mais combina com você, para descobri-la ou desenvolvê-la.

E nós, profissionais do Portal Soham, estamos preparados para estar ao seu lado nessa jornada.

Autor

Clelia Queiroz Gadelha

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