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Você sente seu coração bater mais forte e entende que está começando uma taquicardia. Pode vir acompanhadas de suor intenso, tonturas, formigamentos nas extremidades e o mal estar geral toma conta de você. Uma angustia terrível invade seu peito e o ar parece não entrar. E você pensa: Estou tendo um infarto, ou ainda, vou morrer. Um medo terrível deste momento toma conta de você. É assim que normalmente meus pacientes descrevem a sua primeira crise de pânico. Vale lembrar que as crises podem ocorrer durante o sono, inclusive.
Todas essas sensações, incluindo a de morte, na verdade não passam de um tipo de erro de interpretação do seu cérebro de que você está em perigo, de que há uma ameaça próxima e eminente, mas na verdade não há risco algum. É importante dizer, que mesmo não estando em perigo, o cérebro emite o alerta e todas as glândulas começam a fazer o seu trabalho, disparando neurotransmissores na corrente sanguínea como cortisol, adrenalina e outros, preparando seu corpo para lutar ou fugir.
A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade e como descrito, as crises são inesperadas e provocam sintomas físicos e psicológicos. A duração de cada crise também é variável, a maioria das pessoas relata que o mal estar dura em média 30 minutos, mas esse tempo não é uma regra, podendo ser diminuído ou dilatado.
Em uma crise de pânico, os efeitos são devastadores e a pessoa não tem a mínima ideia do que está se passando, então a primeira providência é ir para uma emergência hospitalar e assim que examinados recebem a noticia que está tudo bem e podem ir para casa. Hoje em dia o diagnóstico feito pelo médico é mais rápido e logo são encaminhados para um médico psiquiatra e terapia. Ambos funcionam muito bem para controlar os ataques. Mas existem outras modalidades de tratamento e o paciente deve entender que precisa de mudanças no estilo de vida.
As causas exatas ainda são desconhecidas, mas há uma evidência que preconiza que geralmente, o paciente pode estar passando, ou já passou, por uma situação que traz a sensação de que ele perdeu o controle e que não há saída para o que está vivendo. Estudos apontam que há fatores que podem influenciar esse comportamento, como a genética, o tipo de temperamento da pessoa, o estresse e as mudanças cerebrais que ocorrem, como uma reação a episódios e situações específicas.
Cada episódio é muito desgastante. Exaustão depois do ataque, a sensação de fraqueza e uma certa tristeza são relatos muito frequentes. É comum também o paciente se sentir envergonhado. Além disso, outras doenças podem se manifestar junto ao pânico; agorafobia (medo de lugares públicos, abertos e multidões) e depressão. Com isso o paciente tende a ficar recluso. Por medo de sofrer um ataque em público deixa de viver uma vida social e sentem-se impedidos de trabalhar, muitas vezes.
A boa noticia é que a Síndrome do Pânico tem controle e também cura, mas o paciente precisa se envolver com o tratamento de forma consciente e disciplinada.
Há diferenças entre crise de ansiedade, pânico e síndrome do pânico. Todas têm em comum os episódios juntamente com as sensações, o que diferencia é a quantidade de crises por dia, a intensidade e a duração de cada crise. Geralmente o paciente com pré disposição ao transtorno apresenta a evolução descrita acima, ou seja, começa com uma crise de ansiedade e pode evoluir para a síndrome.
A Psicoterapia, e em casos mais graves, o uso de remédios alopáticos são os primeiros caminhos indicados pelo médico. Mas mudanças de estilo de vida, adquirir hábitos de controle de estresse por meio da meditação, exercícios físicos e boa alimentação são fundamentais para o tratamento.
Durante a crise é indicado desfocar das sensações. Geralmente digo ao paciente que substitua o foco das sensações por outra coisa, como por exemplo, fale com alguém, assista algo que vai distraí-lo, caminhe, dance, coma algo, enfim, qualquer atividade que possa tirar sua mente da frequência da crise. Outra indicação é a respiração. Uma vez que a pessoa se familiariza com as sensações da crise de pânico, ela aprende a reconhecer o comecinho da crise e imediatamente deve entrar com as atitudes de controle: mantenha a calma, inspira e expira com a máxima tranquilidade possível, pois neste começo, é possível controlar.
A terapia psicológica é uma saída bastante indicada e eficiente, pois entender o que desencadeou as crises, aprender técnicas sobre como lidar com elas e conhecer-se é fazer as pazes com esse transtorno e desativá-lo do seu sistema em definitivo.
Autor
Carmem Zanusso